254. chá


não menti… acabei de pedir chá. i’m alone, numa sala cheia de silêncios… minto, já estou acompanhado da minha bebida… e aqui estamos nós: eu + eu, e o meu caderno, e a minha caneta e a minha solidão. perfeita, lenta, rasgada num dia cansativo, agitado, preenchido com tantos outros quês que não o quê!
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aproveito para descansar o olhar e para alargar horizontes… primeiramente na memória e na magia depois… aproveito para docemente sorver o oxigénio tão esquecido no buliço do trabalho e de outros tantos trabalhos. e risco. aqui e acolá, estas míseras palavras em ti, fiel como sempre me habituaste… como só tu sabes ser! desenho-te mais uma vez… e outra… e outra… e outra, sem que jamais me farte de apenas largar tinta em ti… despreocupado, livre, vão entre as tuas imaculadas páginas, soltas para mim, só para mim, num regozijo que me regozija: obrigado!
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entretanto aproveito e reclino-me no conforto do sofá. perco-me no brilho dos objectos, na qualidade do qualificável, no momento, no som do piano e na ausência dele; no som destas rasuras e na ausência dele; no crepitante som da cinza de mais um cigarro… e apago-me da fadiga, suavemente… desnudo-me das preocupações que me preocupam, sempre e constantemente! começo por desligar a arquitectura, o amor-perfeito – se é que existe esse conceito…
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saboreio cada tique-taque do tempo, aprecio-o, sem pressas e espero que o pensamento se esvazie da minha existência… vivo este espaço como se de uma frenética pausa do meu ser se tratasse. e afinal trata-se! danço, com a caneta em ti. revejo e leio-me sem ler.
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i just can’t stop… or can i? perguntas. sempre perguntas. assim sou eu, inconsolável nas minhas crises existenciais, seja lá o que quer que isso queira revelar. adoro perder-me… vaguear… sentir que faço parte deste mundo, esplêndido e viciante. sentir que existe um diálogo entre mim e ele. que ambos sabemos o queremos. é o nosso segredo, a nossa caixa de pandora que construímos, carinhosa e utopicamente para crermos. acendo mais um cigarro. depois outro. e um outro, numa embriaguez falhada. restam sombras! belas e outras talvez não, mas restam. deixá-las estar! sinais de vivências, marcas, tatuagens queimadas na pele… e não! a sombra não é negra. não tem que ser, nem é! espelha somente num tom mais carregado a cor das coisas sobre as quais incide a luz, em mil raios que se sucedem.
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sinto-me bem. melhor, óptimo! não escrevia faz já algum tempo. é reconfortante. apelo de uma alma que não pára mas teme, com toda a bravura! a cobardia não reside nos cobardes mas nos outros que tais, tal como os que agora quebram o meu momento…
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mudo de tema: falo de mim… sinto, logo existo! ou desisto? mais perguntas, mais dúvidas: dá vontade de chorar. sonho, ponto. perpectuo o olhar, com leveza e afinco, num gesto que adoro fazer: dá-me prazer e faz calar todas as baboseiras e tontices que balbucio num tropeçar infeliz. quem sou sem amor? mais um fluido de uma guerra sem glória? atravesso todos os desertos, com carinho e dedicação, com um sorriso ténue de felicidade.
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sim, amo! tudo o que me rodeia, numa vaidade sem validade temporal… somente amo! e entrego-me sem salvação a esse desígnio… fico? não, vou! sempre vagabundo ou não serei eu! ambição de amor, num esboço abstracto da vida. tremo e aguardo. salto e grito. se não me canso? tal como todas as canções que não são monocórdicas, claro que sim! se me troco? todos os dias, sem amargura, numa amalgama de perdições; num caos que me procura; numa desarrumação linda e objectiva, real; verdadeira; tal qual este mundo… um constante desequilíbrio que me encanta, delícia que me é oferecida vezes sem conta. e afinal, o que conta no final? a robustez de uma história que nos conta, sem mentir!
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zp090417

252. what else?


pinho... what else?