179.viagens baratas

um destes dias, sem saber em quantos, dei a volta ao mundo tipo willy fog… comprei uma dessa viagens baratas e fui: mochila às costas, globetrotter! vi, ouvi, cheirei, senti, muito. pouco, para a ambição! perdi-me e encontrei-me. conheci e reconheci. morri e vivi. vi pessoas, animais, plantas, lugares e não-lugares. cruzei-me com a tentação, cumprimentei o diabo e fumei um cigarro no inferno. bebi, bastante! é que aquele sítio é mais quente que uma qualquer praia tropical ou fluvial.

pisquei o olho… era um mosquito! não, não apanhei deng, apesar de estar no brasil! marquei uma nova rota no astrolábio e depois no gps, não fosse o colombo dizer que o primeiro era dele! fica lá com o teu ovo!!! rota: h5n1, todos os males, 3500 mundo! tossi… tinha acabado de engolir um sapo! continuei a aventura a pé. cheguei ali acima! uma vez lá, olhei à minha volta: só nuvens!!! logo havia de estar mau tempo, raios! na descida molhei-me todo… tinha acabado de levar com um balde de água fria na cabeça… a água infiltrou-se e pôs-me o cérebro de molho!

já em arraiolos, feito totó, comprei um tapete ao aladino e voei! à primeira curva, fiquei zonzo: aquilo não tinha cinto! sinto muito, escorreguei e magoei-me, lógico! não é que tinha caído num campo de urtigas! triste sorte a minha! todo picado, sacudi-me… saltaram todas as impurezas e micróbios, que limpeza!!! atravessei a rua, de cabo a rabo-de-boi e vi qual o seu nome: rua da amargura! isto vai de mal a pior, pensei. ei, ei! já chega!

abri o mapa e li logo a célebre frase: ‘você está aqui’. é pá! não é que eu estava mesmo aqui!!! e já que aqui estou, deixa-me ir comprar o jornal e tomar um café. do jornal saíam notícias atrás de notícias, mas eu queria o mundo!!! até o café era amargo… bolas, de berlim, troquei por um chá. era da índia e vinha de barco. como estava o velório no veleiro, procurei terra firme... não vá o outro tecê-las! é que para todos os efeitos, eu não sei nadar!!!

no percurso, assaltei o pirata das caraíbas e pedi uns medicamentos para a depressão ao dr. casa: aspirinas para a dor do músculo. corri riscos, fiz riscos e apaguei recordações, tudo de enfiada! pus mais manteiga e juntei açúcar, reparei que faltavam os morangos! resolvi ir à mercearia. caminhei, caminhei, caminhei… e quando dei por ela, estava na holanda, mas só porque estava muito abaixo. girei as pás dos moinhos, troquei as cores ao van gogh e colhi umas tulipas. subi as paredes do poço e ao fazê-lo, torci o nariz e depois um braço.

aquele abraço, disse quando vi o papa, está vento!!! bem, vou ficar constipado!!! tomei umas vitaminas para dar power e li-te todas as noites… sei lá onde é que estou!!! mas olha quem é ele… não é que é o homem que mordeu o cão!!! ladrou até lhe saírem os pulmões pela boca. tinha tubérculos: eram batatinhas do ribatejo. pelo menos eram nacionais, apesar de serem globalizadas: tinham net no cabo. por falar em net, os netos refilaram com os avós porque o queijo ainda era da páscoa, da ilha! era maia, ou maio, tanto faz, o que importa é que estou a caminho dos states: state of mind, state of… whatever, nevermind...

foi quando o cobain me pediu um autógrafo, que preguei cartazes para a greve e martelei um dedo, já não posso apontar. mas já que estava de greve, sempre podia fumar mais um cigarro. fechei portas e dali pus-me à janela com a gala, não fosse ter o azar de aparecer a asa(r)e. pedi caracóis, mas demoraram. fino, bebi uma imperial enquanto falava com pessoa, mas ele não sabia quem era, estranho! mesmo assim, mandei cumprimentos ao torga e laranjas pró jardim. e aí formou-se um arco na íris: é droga! é droga! testei o sabor do amor e medi a distância de um desgosto, no espaço, no tempo e na memória…

para desanuviar, fui ao cinema com a marilyn e aproveitei para escrever ao miguel: o amor é fodido!!! como isto passou a correr, o tipo já era comandante, sinal que estou no avião de regresso ao reinado de preste joão. se foi isto que pedi? claro que não, foi caracóis! indignado chamei a polícia! veio o csi-las vegas. lutei ao lado do zorro e roubei as calças ao peter pan. mais tarde acabei por vendê-las ao cocas -the frog- para os amigos, exactamente na mesma altura em que dei um comprimido ao hulk. o rapaz estava mesmo verde!!! devia ser figadeira!!!

subi a uma figueira e andei de teleférico entre eiffel e a baixa de big apple, mas já estava podre… salvei o titanic e emprestei um tigre, de bengala ao chaplin. toquei à campainha do bell e troquei de camisola com o super-homem. sim, tínhamos acabado de jogar à bola, daaaaahh!!! quando vi a luz, estava no túnel às manchas. já estou perto! vou só dar mais uma volta de camelo em torno de mim próprio… um, dois, três: já está! ai, ai, ai… fiquei tonto, mas siga que já é tarde para auto-comiserações!

parei na feira de carcavelos para ver uns cd’s e tive que saltar a cerca! não é que ao meu lado estavam as ovelhas a imitar-me!!! bem, só falta o pastor. os reis magos -um bocadito magros- já estão a caminho. é menino, é menino! e como sou esquecido, apontei no caderno para não me esquecer do esquecimento! os motores já roncam outra vez… são mesmo porcos!!! até me fizeram chorar: lágrimas de crocodilo, dundee. cheguei à austrália!!! tirei umas fotos aos koalas e dei um pulo de canguru… fui parar às asas de um condor! antes isso! podia ser um abutre… mas não sou! calcei leões em áfrica e butterfly effects.

perdi um memento para dançar ao som da pianista. depois tornei-me mortal, ao abandonar a cidade dos anjos e dormi na cidade de deus. aí pesquei um carapau de corrida e a culpa é do mosquito, era gnr! com coragem, enchi o peito de air (liquide), tomei o xarope and felt the teardrop… andei a trote e a galope! fugi dos meus fantasmas e salvei-me das espadas. joguei às copas e senti-me um braveheart: freeeeeeeeeeeeedom!!! provei um puro malte escocês e atirei o pau ao gato, maltês! assobiei à cinderela e chamei-lhe todos os nomes… do saramago, que tinha um olho à camões!!! estava acompanhado pelos velhos do restelo… jogava o belenenses p’ra taça! ai a revolta dos pasteis de nata e de bacalhau da noruega! nesse instante, passei a fronteira, conduzi um verdadeiro carro sueco e fiz uma sueca a quatro!

telefonei ao sonny, filho do padrinho erickson. é uma máfia!!! vejam só que o rei vai nu!!! a olhos, vistos carimbei o passaporte de arma e fui ao freeport: a-zara armou barraca! entretanto, fez-se luz e estava em paris. subi a avenida da bélgica e tive que parar no continente… é que já sou incontinente! com um tenente, fiz-me voluntário para os jogos olímpicos. é assim… é este ano e em pequim! no terceiro esquerdo, subscrevi a carta do direito e descobri o tibete… i see no bravery in your eyes, anymore!!!

twenty, zero, one, jamiro… primo do ramiro. tecla 3 do telecomando: naval… fiquei sick -depois tv- aí, i phill cóllicas. é escorbuto, resquícios das viagens que fiz com marco pólo. é que eu tenho dois amores… não sei é onde os deixei!!! talvez no frigorífico e fui ver. não é que lá estava um elefante! é pá, és gigante. disse-lhe, antes que levasse na tromba! pareces o gulliver ou o golias, não achas ó david? como não me respondeu, cantei para espantar pardais e era cada tiro cada melro… caíam que nem avestruzes, despidas para matar, fénix!!! também assustei o patinho. feio como um bode, como é que pode? chamei a hospedeira, para acabar com a brincadeira!!! onde é que vamos afinal? já sinto turbulência! ela coitada, desculpou-se: sabe, é do triangulo das bermudas que comprei para o meu namorado… credo, só de a ouvir, já estava enjoado! 007, era o meu voo, com escala na régua, licença para aterrar.

como nunca mais era sábado, fiquei de platão e ainda troquei uns galhardetes com o sócrates quando, por fim, eureka! aterrei na grécia… quer ir a lesbos, apanhar marmelos? perguntou-me um guia. esticou-se, não podia! isso é só p’ros tubarões! mas sempre deu para filmar umas baleias, fora de água. estava com sede, acordei! logo vi! para passar por tudo isto, a viagem era barata demais!!!

zp 080507

5 comentários:

gbc disse...

Mais uma vez parabéns pela enorme qualidade da tua escrita. Devias pensar sériamente em publicar alguns dos teus textos, ou porque não, tentares escrever crónicas para a imprensa.

Grande abraço,

Calheiros

Ana Gil disse...

Também quero um bilhete destes... Parabéns pelo texto, é simples, delicado e magnifico!!!

Beijinho ;)

zé pinho disse...

faço isto por mim, mas também por vocês! obrigado amigos... vocês são 5 estrelas... obrigado por existirem na minha vida!!!

Rita Nery disse...

Em primeiro lugar queria agradecer pelos teus comentários...e apesar de não ficar feliz por te reveres em palavras tristes é sempre reconfortante saber que existe alguém que na sua humildade de ser e de sentir consegue existir neste mundo virado do avesso. Não és o único a sentires-te desenquadrado, eu acho mesmo que pertenço a outra época, o pior é que quando digo isto muitas pessoas concordam, não era o que esperava.

Em relação a esta viagem...concretamente a associação de ideias foi sem dúvida absorvente, entusiasta, e com uma lógica fora da lógica que não podia fazer mais sentido. Costumo fazer essas viagens antes de adormecer e nada têm de baratas, revolvem-nos por dentro e por fora e nem sempre o sono vem.

Adorei a viagem, adorei ainda mais a capacidade que tens de viajar, de enfim, sonhar e não esperar propriamente que o sonho se concretize, porque são sonhos que apenas nós compreeendemos, apenas nós sabemos porque os temos e onde queremos chegar...nem sempre tão longe, às vezes bem mais perto do que qualquer um possa imaginar, às vezes aqui mesmo ao lado.
O que as pessoas não se apercebem é que o "aqui mesmo ao lado" às vezes é tão longe, que o sofrimento da espera desaustina-nos (existe?lol) até à exaustão das nossas almas.
Mas o bom é que continuamos sempre a sonhar:)

Beijinhos

Rita Nery

Rita Nery disse...

Pensei que talvez pudesses gostar de jogar o meu jogo...por muito que te possa parecer entediante o exercício mental é quase o mesmo do das viagens:)

Por isso se tiveres um tempito vai ao texto "Jogo", assim aproveitas e passas por outros:)

É o desafio que te proponho!

Beijinhos

Rita Nery