203.o teu jogo

foi, sem HESITAR, que aceitei o teu desafio… o teu jogo! é um exercício graficamente difícil: é um invertido processo CRIATIVO, com as soluções à vista, mas com diversos caminhos por traçar… faço batota! logo de INÍCIO: utilizo a tua selecção de palavras, na tentativa de OLHAR, através delas, para todos os sentidos e descobrir, sem alguma vez estarmos JUNTOS, o ENCANTO de uma mesma OMNIPRESENTE UTOPIA! como as conversas são como as CEREJAS, vou TER de partilhar-me contigo como se desabafasse com uma amiga de longa data. sabes, não quero voltar a sentir a mesma infelicidade que a MEMÓRIA não me deixa esquecer… apetece fechar de vez essa PORTA que me conduz um passado sempre presente. quero apagar esta gigantesca escuridão que inquieta o meu SER… essa NOITE que tristemente perdeu o LUAR e levou o SORRISO dos meus lábios. preciso! desejo! anseio! mas desespero! queria -como se de uma receita milagrosa se tratasse, fechar os olhos para timidamente espreitar um novo mundo. voltar a NASCER para ser uma despreocupada e ingénua CRIANÇA que dança apaixonadamente numa viagem interminavelmente feliz! imagino-me apenas a DANÇAR ao ritmo das estações e das suaves brisas; ao ritmo da criação dos animais e das plantas; de todo o sublime encanto, fatalmente perdido no nosso gélido quotidiano… é um esforço por VEZES inglório, vão! e quero desistir a meio! as quedas magoam o EGO: precipitam dúvidas… e transformam-se numa FORÇA maior que o maior… num não-sentimento ESMAGADOR, ÚNICO e brutalmente bárbaro. é um arrepio; uma SENSAÇÃO; uma TEMPESTADE que nos tolda os sentidos e a razão… TUDO se resume a nada! e isso assusta-me! quero GRITAR! talvez para alguém OUVIR e sentir. algures nos mesmos caminhos erróneos que percorro em busca do verdadeiro e genuíno AMOR! eterno e terno. quente mas carente. num ROMANCE sem fim e MENOS triste que a crua realidade que me absorve. abro todos os LIVROS e, sem SABER, estou a viver sonambulamente um SONHO ou um pesadelo que não sei distinguir… ainda é uma dimensão que NÃO pode ser medida! limito-me a procurar, mas não encontro: essa linda e maravilhosa JANELA que vai permitir encher o meu eu com a ardente cor da paixão. OPIUM que alimenta a alma. tal como um soberbo JANTAR, pleno de iguarias e bom VINHO, mas que JAMAIS será perdoado pela AMIZADE dos deuses… nas lágrimas que me escorrem na PELE, tatuo a LEMBRANÇA de uma VAIDADE que nunca tive, orgulhosamente. e DESENHO um DELICADO jardim. para o completar, pedi rebeldemente, o aroma das rosas e a ELEGANTE simplicidade de um MALMEQUER. procuro assim, afastar o PRETO-LILÁS que me persegue, tal como o tenaz tempo contado num RELÓGIO amolecido por dali. vejo que NINGUÉM me pode salvar. provavelmente, nem eu próprio me salvarei… assumo o PAPEL principal numa peça onde não sei representar além da minha leal existência. sou apenas o espelho das palpitações de um esquartejado coração. mas não quero FICAR aqui! quero partir! sentir! amar! e beber de um trago só, este amargo paladar a LIMÃO, seco pelo ódio que não procurei! quero luz, doce como o MEL. quero RIR, para mais tarde RECORDAR! quero DAR e não DOR! quero QUERER! quero crer! PINGADO, num gesto lento, o sentimento BRANCO, imaculado, puro. reflexo de toda a ENERGIA positiva que existe. BELEZA nunca efémera que desejo loucamente! carícia frenética, tal como o ZUMBIDO de um SAPATEADO, EDUCADO pela emoção de uma GARGALHADA. quero quebrar de vez o VERNIZ que me imobiliza e amarra a uma tela de um qualquer mau PINTOR. não, não quero mais ilusões! não, não quero mais XANAX para me libertar do sofrimento. não! não! não! TRÊS vezes não! sofrimento: NUNCA mais… chega! apenas quero ser feliz e amar, na tranquila paz erguida sob a minha inquieta alma. só assim posso, no FIM, fechar os olhos e adormecer profundamente…

zp 080521 (dedicado a ti, rita n)

4 comentários:

Rita Nery disse...

Humm...batoteiro:)Tenho a dizer-te em primeiro de tudo que passaste no teste e não foi propriamente por teres conseguido escrever um texto onde aparentemente são as palavras soltas que mais têm sentido, ou as unicas mesmo, mas sim por teres aceite o desafio:)) O jogo é aceitá-lo...

Curioso como o poder das palavras adquire contornos distintos em bocas, neste caso mãos diferentes...é uma viagem à alma de cada um de nós muito profunda. Eu pelo menos tenho o vício, não sei se bom, ou mau, de tirar sempre conclusões, não ficar apenas pela beleza das palavras, da construção frásica, mas tentar sim descortinar o que levou aquela pessoa a escolher aquela palavra e não outra, ou o que quererá dizer mesmo com aquilo. Porque ambos sabemos que há palavras que apenas estão, não exsitem, aparecem, são sonantes e nós mesmos não sabemos explicar o porquê de as termos escrito...talvez o nosso amigo Freud!:)

Não desvalorizando qualquer tipo de escrita, aprecio mais um texto escrito quase em cima do joelho, apesar de estar ciente que um bom escritor pode passar semanas a reparar um simples parágrafo, mas a ideia...essa tem de estar dentro de nós, ainda que possívelmente escondida...Como não sou escritora...posso dar-me ao luxo de escrever...o que quiser à velocidade da luz e não me importar se é bonito, feio, ou sequer se tem qualquer interpretação para os outros.
Para mim terá sempre...nem que não seja uma recordação de um momento frenético de quase loucura em que as mãos não acompanham a velocidade estúpida do pensamento, em que ideias se confundem e em que dizemos não ao princípio, meio e fim, apenas porque sim!

Obrigada pelo texto!:)

Beijinhos

Rita Nery

zé pinho disse...

obrigada pelas considerações.

acredita que as palavras não estão lá por estar, todas as frases transmitem genuinamente sentimentos que me preenchem neste momento da minha vida... estou absolutamente desgastado... quero esquecer um passado que teima em não me abandonar... quero! desejo, mas quebro com facilidade... é que nós portugueses temos uma palavra que é terrivelmente pesada: saudade! que sempre está presente, mesmo apesar de racionalmente querermos adbicar dela!!!

+ uma vez, obrigada ;)
beijos

Rita Nery disse...

"Há tantas direcções", lê, está no meu blog.

Vamos quebrar sempre e para sempre, é isso que faz de nós pessoas na verdadeira acessão da palavra. Diferentes dos comuns mortais que nos rodeiam e vivem a vida com uma intensidade desprovida de profundidade a ponto da palavra saudade não ter nem fazer qualquer sentido. Porque para essas pessoas o caminho é apenas para a frente e o que fica para trás parece desaparecer com a mesma leveza com que aparece.
Há pessoas que não são pessoas, mas essas pessoas só se fazem conhecer mais tarde. E magoa falar uma outra linguagem da pessoa que amamos, dói que elas nem sequer tenham a mais pequena noção da dimensão do peso que as palavras assumem nos nossos corações, é dilacerante que o que retiram dos nossos pensamentos, dos nossos sonhos, apoteoses intelectuais...sejam apenas palavras bonitas ocas e desprovidas do seu verdadeiro sentido.

É difícil manter a palavra quando se ama, não chamo a isso fraqueza, falta de honra, ou pouco dignificante, acho apenas que isso é amar no sentido lato da palavra...a palavra podia ser quebrada mais vezes se a interpretação de quem a recebe fosse no mínimo humilde e não razão para mais incompreensão, distanciamento e fuga à realidade.
Se quebramos a palavra é por amarmos, mas não só, é normalmente acima de tudo porque nos fazem crer que o passado pode voltar...ou se calhar é apenas aquilo que os nossos traiçoeiros olhos querem ver...não sei...
Em todos os momentos que sinto que vou "quebrar", arranjando sempre óptimas desculpas justificativas para o fazer, capazes de me convencer...paro e penso...quem é que eu tento enganar? A mim? Ainda mais?
Não...chega...é tempo de me respeitar, não de esboçar sorrisos forçados ou de arquitectar esquemas, nem tão pouco de estar com quem não quero estar, mas de olhar para mim e nem que não seja por pena, parar e esperar que quem me amar, se me amar virá, ou será para mim.
A saudade está ligada à paciência.
A paciência é algo que se conquista. E as conquistas fazem-se com o tempo.
Até posso amar, mas não vou amar, entendes?

Já experimentaste ler um texto teu, um que realmente te toque e que de alguma maneira o aches o mais sincero em relação aos teus sentimentos, em relação ao que estás a passar, em voz alta? VOZ ALTA...
Para mim foi um exercício muito penoso, porque chorei em quase todas as palavras que tentava soletrar entre soluços e tirei uma conclusão...gostava que se o fizeres me digas a tua conclusão:)

Beijinhos

Rita Nery

Rita Nery disse...

Ups...

"...acessão(...)"

ACEPÇÃO:)

Quis o acaso que me enganasse!;)

Beijinhos

Rita Nery