023.futilidades fatais
desabafos, reais e surreais, para memória futura... apontamentos de sábado...
ufa, sentei-me! ... sinto que perdi as forças... caminhar até doer o corpo... maluquices de outras idades!!!
... hoje, no meu blogue, parafraseei edgar morin (e que belíssimas aulas tive a este propósito...), dizendo 'o que é o que é? nada é!'... nada é!!! o pensamento complexo de morin dá que pensar... e talvez tenha razão!
está barulho aqui... o café está cheio... sinto os olhares indiscretos e até leio os pensamentos: 'quem é aquele gajo naquela mesa, sozinho, com uma água por deglutir há largos minutos... e o que tanto escreve naquele caderno...tolinho!' porém não me importo... eu sou eu, pelo menos por enquanto!
dizia eu de morin que nada é... e se a esta frase enigmática juntar florbela espanca ( não confundir com floribela): 'quem disser que se pode amar alguém a vida inteira é porque mente', o que poderemos retirar como lição? quem somos, quem fomos e o que seremos...? que fazemos neste mundo estúpido?
agora ouço conversas cruzadas: tricas da vida mundana dos outros que, mesmo não querendo, sou obrigado a ouvir... estou tonto, sinto-me horrivelmente... estarei a atravessar uma crise existencial?... talvez os grandes génios tenham algo a dizer agora... ajudem-me, senhores de magnificente intelecto, solucionem-me com as vossas teorias!
chove na rua... está um trânsito anormalmente infernal para um sábado à tarde!... penso que apesar de tudo, sobreviverei com o meu guarda-chuva avariado... afinal não é nenhum temporal! pensando melhor, acho que não me apetece voltar à rua... mas ficar aqui, orgulhosa e eternamente só, até a tinta se esgotar na ponta da esferográfica...
e tu? porque me complicas a vida? ... então, não me respondes?... ah! raio de crise... deixa-me em paz! porque não posso olhar o que me rodeia e rever-me neste mundo estúpido, e frio, e calculista, e arrogante, e apressado, e racional, e monótono e rotineiro? ... porque sou obrigado a viver... assim, como ditam as regras? que marasmo!!! estou farto!!!
e tu? ainda não me respondeste!
(...)
está sol! por outro lado, o barulho continua... gargalhadas ironicamente secas, sem destino... e ouço! fatalmente, mas ouço! esta estupidez corta-me a ligação com a escrita... calem-se, penso !!! deixem-me no meu canto sossegado ou, se eu preferir, com o meu desassossego...!
com a minha água natural pedi, educadamente, um cinzeiro... apetece-me fumar... e entregaram-me um cinzeiro usado, sujo com cinza e duas ticas!!! ... de que vale termos boas maneiras?... francamente!!!
percebes agora a minha indignação? mundo estúpido! ensinam-nos, uma vida inteira, a ter boas maneiras, e a relacionarmo-nos com os outros civilizadamente... a seguir a vida segundo preceitos e regras que não sei (e sinceramente nem quero saber) quem inventou... mas que não são cumpridas por todos, com tiques de anarquia semi- controlada!
a conversa que ecoa nos meus ouvidos gira em torno de, imagine-se, futebol!!! se pensarmos bem, que mais poderia ser além disso, telenovelas ou a vida do vizinho? parvoíce minha... é o mundo em que vivemos e teremos que viver! não adianta aprender a nadar... a corrente é demasiado forte!!! restam as dúvidas, incertezas e as inquietudes como esta!!!
sem nunca esquecer que nada é!
sinto-me culpado de uma culpa que não sei exprimir... e agora? não me respondes? nem vocês?... pseudo-iluminados duma figa!!! será que a vossa vida foi melhor que a minha... no fim das contas morreram na mesma, não é verdade?
(...)
escuto agora as queixas da mesa do lado: 'estou cheia, cheia de calor...' (silêncio)... 'tenho os óculos todos molhados, blá, blá, blá...' merda, porque não me concentro nestas páginas?! ou melhor, porque não acaba a tinta desta caneta? quero poder ir embora, mesmo sem saber para onde, porquê ou para fazer o quê... apenas sei o como: a pé! apetece-me caminhar e levar com a chuva nas ventas... encharcar-me todo... sentir o doce frio intrínseco a todo este cenário!!!... mas não o posso fazer... certamente iria adoecer e padecer numa qualquer cama, o que obrigar-me-ia a desrespeitar as exigências que a sociedade me incutiu...
devo confessar, a voz da senhora do lado está, verdadeiramente, a irritar-me os neurónios... que futilidade!!! não escrevo mais enquanto ela aqui estiver!!! até já!
(...)
... não consigo, vou ter de escrever mais algumas linhas... tenho que me abstrair!
... sabes, tenho já uns parcos pares de anos neste mundo e, infelizmente, ainda me sinto! estou triste... apenas vivemos ilusões... que nós próprios criamos... tolinhos!!! nesta vida nunca nos devemos enganar gratuitamente... é o que nos resta... nós ... a nossa dignidade!!!
(...)
já me habituei à personagem da mesa do lado... mas estou cansado de estar aqui... começo a pensar em sair... vou embora! contudo ganhei mais uma dúvida: será que o cinzeiro, agora com cinco ticas, irá para outra mesa assim, sujo?
5 comentários:
Caro amigo ( :) ), pelo teu vigésimo terceiro post que aqui deixaste ( muito inspirado nas vivencias mundanas de um chuvoso sabado ) ficas perdoado por nao o teres colocado no dia 22.Agora saberás o porquê da relaçao entre os dois numeros.Valeste-te da estatistica e a teu ver muito bem.
porque se julgam tanto os outros?!porque julgamos que os outros nos julgam a nós!?porque julgamos que estamos no banco dos reus?!porque colocamos os outros no banco dos reus!?...porque tão simplesmente não vivemos?!...respeitamos e ainda poderemos mudar o mundo
caro desconhecido, respondo às suas perguntas com mais uma... o que acabou de fazer ainda está na fase do julgamento ou será já a sentença? como vê, é irrefutável que o façamos, até nas pequenas coisas do quotidiano... e quanto ao respeito, creio não haver (nem poder haver) dúvidas...
obrigado pelo seu comentário, apesar de, honestamente, sentir que existiu uma falha de comunicação entre nós...
julgamento...errou e ainda detesto o facto dos juristas dividirem a lei como uma simbiose de espirito e de letra...irrefutável, lamento não ter as suas certezas, talvez exista uma falha de comunicação entre nós, mas o que me intusiasma ainda mais a participar no Seu blogue, se não se importar?...as diferenças são saudavéis, alimentam a alma no confronto de ideias
as suas certezas...
caro 'desconhecido',
das minhas (parcas) certezas apenas resultam inquietudes... mas, o que seria a vida sem elas...?
... uma vez mais agradeço a sua participação... e regozijar-me-ia saber que mantém o seu entusiasmo e apreço pelo 'o meu caderno preto'!
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