230.a montanha que quer parir um rato

tudo começa numa montanha que quer parir um rato! semelhante ao mickey: velhinho e orelhudo? ou cópia de um qualquer ratatouille: vanguardista e cozinheiro? sei que quer parir… numa odisseia animal que teve inicio com noé e a sua famosa arca! quantos animais? e que animais!? o rato que a montanha quer parir! e logo no seu alcance certamente viria o gato! fedorento, tal como a doninha, escondido com o rabo de fora! de dentro, assim de repente, apareceu a serpente… prima e cunhada da víbora: as que cospem para o ar, sem jamais perceber que irão rastejar até ao fim das suas vidas! é o lamento de seres que não são… fusão de um utópico tópico de pó-de-arroz para se assemelharem a enguias, talvez… bafientas e esguias qual corno de um rinoceronte-anão! enfim, musgo de um só neurónio… numa tradução cientificamente exacta, exactamente tal como o cientista a descreve e escreve para não esquecer que trabalha para aquecer! é pato! bravo e feio, aqui e em qualquer meio… ou fim! a-corda! das botas de judas e dos sapatos de adão, pois então… ser autoportante, portanto... mas sem a importância devida! é a vida! macho latino, latindo como um cachorro quente, tépido ou frio… que perdeu o encanto. frustado no seu canto de baleia azul! ou cor-de-rosa! ou lilás! roxo! cadeia alimentar de todo o bicho coxo, que escorrega em toda a poça! poça! água de um alguidar microscópico! unguento de quem diz: não aguento! entretanto pelo caminho, vive um animal de pelo! e bossa, nova ou velha, pouco importa! dormente dromedário patente num paupérrimo calendário de parede… ou muro de lamentações! congelado tempo, para pensar… estou cá eu –o babalu! talvez uma espécie de gnu! tão azeiteiro como quaisquer outros que para aí andem a ruminar! e andam! fantasticamente, às voltas num relógio de sol... solitariamente na infeliz felicidade. e andam! pela cidade, sem pejo ou pudor! corados sem o rosado rubor: sabem a mofo. fungos de uma não-vida! sapientes mochos, numa ausência presente. frouxos em decadência… escórias intersticiais das entranhas de uma longínqua ténia! não fazem vénia, fruto da sua delicadeza. com franqueza! não têm cérebro sequer! sim, os seres monocromáticos e celulares… cagagésicamente sorridentes! filhos de presidentes sem pasta de dentes: basta! contentes camelos que se cumprimentam! parentes de burros que, asnos, caem na asneira de abraçar as suas mulas da cooperativa… cooperação sem coração e água-pé. quadradas bestas de carga! mas tudo isto à larga da imaginação! da sua comiserada escuridão, qual vulto tenebroso, perfila-se o camurso: híbrido e sóbrio no turpor típico de quem é um estupor! é apenas fel! cruel, como quem mete a filha num bordel… porco, imundo! familiar deste mundo que não tomba, mesmo com a tromba firme e hirta. aflita horta de letais mal-que-me-queres e caravelas-portuguesas, porque não? rasantes e voadores, porque sim? acalmia de todas as dores... de cotovelo! animais sem pelo. comprido ou bamboleante. instantâneamente, num pormenor importante, queimado fulminantemente numa barata feira! feia barata, conduzindo carochas aos confins de todos os delfins e golfinhos do sado! genéticos bacalhaus, adoçados pelo ventre materno de um tubarão. martelo e marretas. crisálidas e borboletas, ziguezagueantes patas de pavão, atadas em antemão por decreto. lei de uma selvagem orca em viagem, pacificamente pelo pacifico. oceano dos seres extra-planetários, por fim: otários! habitantes nunca antes desabituados a ouvir, do hip-hop aos fados! tristes crises existenciais de maus-animais! ondas com crista, desmultiplicam-se em subtracções com sinal mais! seguem bandos de pardais à solta, em dias de romaria… que nojo, porcaria! quem diria? sei lá! sei, tão somente, que para a arca encher é necessário criar um sótão mal-amanhado, mas fielmente amado, antes que rebente pelas costuras. coisas e aventuras, tudo no mesmo barco! pleno! de todos eles, qual o mais parco? o parvo ou o magno? magnifico incompetente, sobrinho da serpente e do diabo. casado cansado, xoxo trespassado por uma sanguessuga sedenta de horror. mais um estupor! sem dó nem pinta! tinta de leopardo, queijo sem cardo! aguardo! e tu montanha? gigante absorta na candura da tua beleza celeste... pergunto-te: depois de todo este aparato, ainda queres parir um rato?

1 comentário:

Rita Nery disse...

Como uma certa pessoa diria , TU, FANTÁSTICO!!!!!!!!!!!:) Ba...
A cada dia que passa mais me divirto a olhar estes animais de que falas, rodeiam-nos, e a proeza não está em vencê-los, está simplesmente em conviver com eles retirando o que podemos retirar num acto puro de egoísmo. Egoísmo justo, merecido diga-se...mas até para esse sugamento é preciso paciência. Paciência que se perde com a idade, perde-se quando se encontra alguém tão bonito quanto tu.
Quando se tem essa sorte...destino...esses animais deixam de nos afectar, deixam de existir existindo. Passam a seres não falantes, falantes de mentiras tão hilariantes quanto entediantes, desprovidos de interesse e de coluna vertebral.
Deprimentes. Sem consistência, ocos, vazios, sem cheiro nem cor, sem sorriso que preencha...sem calor que aqueça...sem o doce sabor que levamos desta vida.

Para o bem e para o mal, estaremos sempre com estes e outros animais. O importante é não largarmos as mãos, as minhas das tuas, as tuas das minhas. Não desviarmos os nossos olhares e não perdermos o mundo fantástico que nos une:)

Beijo

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