003.ligação definitiva


após tamanho entusiasmo e estimulação inicial, em definitivo, vou abrir os meus cadernos pretos para assim estabelecer uma ponte que os amarre à versão electrónica! é minha intenção poder mostrar-vos algumas páginas, algumas reflexões, alguns esquiços, enfim, alguma coisa! assim, despido de preocupações, vínculos ou compromissos!!!
sem querer partir para temas estabelecidos, achei de bom senso iniciar este périplo com um desenho. e até podia transmitir-vos a definição convencionada de desenho, mas não o vou fazer! prefiro a minha interpretação! invertendo o sentido das coisas, a minha galinha é, sempre, mais gorda do que a da vizinha!!! pois bem, um desenho não é mais do que um veículo, uma maneira, um processo, uma comunicação, uma representação, uma falácia... nele lêem-se palavras que nunca se escreveram, ouvem-se sons nunca falados, e percebem-se gestos, e prescrevem-se estados de espírito, e sentem-se intenções, e...!

esta imagem é uma fotografia de um desenho que ocupa uma das primeiras páginas do meu primeiro caderno preto que me acompanhou. é de 1995 e não tem título, retrata a minha mão esquerda. humildemente merece a honra desta luxuriante distinção!

002.páginas maduras


o seco folhear dos meus antigos cadernos pretos fez-me regressar uns anos ao passado para reviver os momentos que partilhei com aquelas páginas...

reconfortado na minha cama pude, do alto dos meus parcos 28 anos, perpassar o olhar em mim próprio com 15, 16, 17 e mais anos de idade. iniciava uma analepse! pela segunda vez vivi as mesmas inquietudes, as mesmas inseguranças, as mesmas sensações... o exacto arrepio do lápis sulcando a inviolada pureza do papel, a mesma paleta de cores, a mesma gama de odores, nos mesmos ambientes, com as mesmas pessoas... e, de olhar fixo naquelas páginas, despertei sorridente com um pensamento: amadureci !!!

agora, ao escrever estes parágrafos, penso no futuro! penso naquilo que pensarei! quando, recostado noutra cama, com outra quietude, com outra segurança, com outra sensação, deglutir estas páginas maduras!

001.os primeiros cadernos pretos


e quem causa inveja?
e fuma escondida da mãe?
vida tão chata.

onda tão curta.
moda tão fora. sai !!!
que um raio a parta.

e salta, puxa, pula aí até ao sol.

mas aos 16, tem-se o desgosto de vestir como os dj's.
e com 16, já falta pouco para sentir os 96;

à volta do quarto,
nuvem de cabelo em pé.
pintura de guerra.
multiplica por quatro,
beija o teu retrato em pó.
e um rádio berra:
'estou farto e farto & farto de estar só!?!?'

mas aos 16, só de uma vez, tem-se o desgosto de vestir como os dj's.
e com 16, nunca se teve tempo de ler 'o senhor dos aneis'.
só duma vez, tem-se o desgosto de vestir como os dj's
e aos 16, é de esperar alguém gritar 'sweet little sixteen'.


sub-16
rui reininho/jorge romão
faz sentido que os primeiros apontamentos de o meu caderno preto evoquem a memória dos meus primeiros cadernos pretos e, impreterivelmente, a melancólica nostalgia desses tempos... das deliciosas experiências agridoces, das amizades loucas, da consciência inconsciente, da irreverente liberdade para poder gritar sweet little sixteen !!!!

mensagem de abertura


ao iniciar esta minha aventura bloguista, perdi-me numa angústia antagónica entre dizer-vos milhares de coisas ou, simplesmente, dizer-vos rigorosamente nada!

ainda combalido, decidi explicar-vos o porquê de 'o meu caderno preto'!!!
'o meu caderno preto' é, na verdade, uma homenagem electrónica e virtual ao meu caderno preto, isto é, aos meus cadernos pretos, aos meus moleskine, verdadeiros e falsos, mas reais! tão reais quanto fieis armazenadores de memórias e, consequentemente, armazenadores intemporais.
se a memória não me atraiçoa, no meu caderno preto despejo pensamentos, esquiços, contactos, ideias, frustrações, incertezas, entre outros, que se resumem intrínsecamente em perpétuas memórias de um lapso de tempo, agarradas a imaculadas folhas de papel.
é isto que pretendo partilhar convosco na e-versão 'o meu caderno preto', de todos os meus cadernos pretos !!!