132.meu coração


perdi-te! numa dessas avenidas sem portas nem janelas e onde o horizonte se confunde com a memória… olhei em volta, não estavas! senti apenas o teu rasto, solto em todas as direcções, tal como uma brisa de outono que anuncia tempestade… e perdi-te! deixei que te levassem enganado, tal como um sonhador, numa corrente utópica de amor… quando regressarás? sinto que estás magoado comigo… permiti que te ferissem, sem dó nem piedade... perdoa-me! onde estás? procura o teu caminho de volta… liberta-te! prometo-te que jamais gritarás a mesma angústia, o mesmo desespero, a mesma melancolia, a mesma saudade… e saberás, como sempre soubeste, contemplar a magia do nascer e do por-do-sol, o feitiço da lua, a criação da primavera, a frescura renovada das chuvas, a paz silenciosa da noite, o calor de um sonho, o brilho encantador de um sorriso, a alma vista num olhar, a suavidade de um vulto, a ternura de um gesto, o verdadeiro amor… e por fim, abraçar alegremente a felicidade escondida! minha e tua, nossa! mas verdadeira e intemporal… tu, desgraçado, perdido e esquartejado coração… postiço e contrafeito, e que se finge meu… de quem serás... meu?
zp 080418

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